Dialetos do Português Brasileiro

A língua portuguesa possui uma relevante variedade de dialetos, muitos deles com uma acentuada diferença lexical em relação ao português padrão - o que acontece especialmente no Brasil entre os países que falam o português. Tais diferenças, entretanto, geralmente não prejudicam a inteligibilidade entre os locutores de diferentes dialetos. No Brasil, o dialeto do Rio de Janeiro e o de São Paulo são dominantes nos meios de comunicação.

Vamos ver as características de cada um

1 - CAIPIRA -O dialeto caipira é falado no interior do estado de São Paulo, leste e sul do Mato Grosso do Sul, sul de Minas Gerais, sul de Goiás e norte do Paraná e zonas rurais do sul do Rio de Janeiro.  a fonética caipira é marcada principalmente pelo R caipira e trocar o LH por IÉ.

Algumas palavras, gírias ou expressões: enxovar (enxoval), mir reais (mil reais), muié (mulher), oiá (olhar), Apeá(descer), saracoteá (provocar os outros), rumá (tomar um rumo), coió (bobo).

2 - COSTA NORTE - por vezes chamado de dialeto cearense - é falado basicamente no Ceará, no Piauí e em parte do Maranhão e Rio Grande do Norte.

Algumas palavras, gírias ou expressões: aperrear (encher o saco), chamego (carinho), urubuzar (agourar), racha (pelada de futebol), muriçoca (pernilongo).

3 - BAIANO - O dialeto baiano ou baianês foi um dos primeiros dialetos eminente brasileiros, cujo falantes têm como região geográfica os estados da Bahia e de Sergipe, além do extremo norte de Minas Gerais e do leste de Goiás e Tocantins. Tem como costume abreviar palavras e acabar criando outras com significado que pode ser até diferente do inicial.

Algumas palavras, gírias ou expressões: Oxe (ô gente), opaió (olhe para aí), buzu (ônibus), mainha (mãe), painho (pai), retado (Depende do contexto, pode ser bravo ou muito bom).

4 - FLUMINENSE - dialeto usado principalmente na região sul, noroeste e norte do estado do Rio de Janeiro, no estado do Espírito Santo, e com falantes em regiões de Minas Gerais, extremo leste de São Paulo e extremo sul da Bahia.

Algumas palavras, gírias ou expressões: perdeu a linha (ato inconsequente), pela-saco (pessoa chata), mó (aglutinação de maior), Ja é (concordância).

5 - GAÚCHO - O dialeto gaúcho ou dialeto guasca predominantemente no Rio Grande do Sul, contudo falado em regiões de Santa Catarina; Fortemente influenciado pelo espanhol, por força da colonização espanhola, e com influência mais reservada do guarani e de outras línguas indígenas.

Algumas palavras, gírias ou expressões: campear (procurar), capaz (de jeito nenhum), baita (grande), chimia (geleia de frutas), cusco (cachorro), piá (guri), talagaço (golpe).

6 - MINEIRO - O mineiro ou montanhês é utilizado principalmente nas regiões central e leste de Minas Gerais.

Algumas palavras, gírias ou expressões: Sa passado (Sábado passado), ó só pcê vê (olhe só, para você ver), Ês penss qu'ôns é dês (Eles pensam que o ônibus é deles), blusdifri (blusa de frio).

7 - NORDESTINO - é utilizado em Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, na porção sul do Ceará, e em algumas regiões da Bahia, do Piauí e do Maranhão. 

Algumas palavras, gírias ou expressões: Abirobado (maluco), calibrado (tonto), chupeta (menino chorão), gabiru (aproveitador), gaitada (gargalhada).

8 - NORTISTA - utilizado em todos os estados da bacia do Amazonas (excetuando somente a região do arco do desflorestamento). Considera-se que tenha até quatro sub-dialetos: o cametaense, o dos cocais, o metropolitano e o bragantino.

Algumas palavras, gírias ou expressões: Gala seca (idiota), migue (mentira), parlando (se exibindo), ééééégua (muito espanto).

9 - PAULISTANO - utilizado na Macrometrópole de São Paulo (com exceção de alguns municípios que utilizam o dialeto caipira);

Algumas palavras, gírias ou expressões: meu, da hora (legal), truta (amigo), miar (algo que não deu certo), se pá (talvez), canhão (pessoa feia).

10 - SERTANEJO - utilizado nos estados de Mato Grosso, centro-norte de Goiás e noroeste do Mato Grosso do Sul.

Algumas palavras, gírias ou expressões: donde (onde, aonde), diacho (exclamação de raiva), de quebra (brinde), dar pinote (fugir correndo), emperiquitar (se arrumar).

11 - SULISTA - utilizado no Paraná, em praticamente todo o estado de Santa Catarina, no noroeste do Rio Grande do Sul e no extremo-sul do estado de São Paulo.

Algumas palavras, gírias ou expressões: tri (bastante), guisado (carne moída), cacetinho (pão francês),Bah(interjeição multiuso), cupincha (camarada), borracho (bêbado), pila (dinheiro).

12 - FLORIANOPOLITANO - O dialeto florianopolitano ou manezinho da ilha - é um dialeto utilizado na região metropolitana de Florianópolis e em regiões do litoral de Santa Catarina.

Algumas palavras, gírias ou expressões: abastança (fartura), avião de rosca (helicóptero), atoxei (encher muito), Zóio (olhos) Zorelha (orelha), topeira (ignorante),.

13 - CARIOCA - O sotaque carioca apresenta algumas semelhanças com o português lusitano (de Portugal). Entre tais semelhanças, percebe-se a pronúncia do “S” chiado e as vogais abertas em palavras como “também”, é falado na região metropolitana do Rio de Janeiro, e em áreas próximas;

Algumas palavras, gírias ou expressões: 0800 (gratuito), beleza (cumprimento),bolado (preocupação), coé (qual é), conto (unidade monetária sem plural. “Essa parada custa 10 conto”).

14 - BRASILIENSE -dialeto utilizado em Brasília e na sua área metropolitana, resultante dos inúmeros fluxos migratórios ocorridos a partir de 1955, quando se iniciou a construção da nova capital federal;

Algumas palavras, gírias ou expressões: Aff (interjeição), baú(ônibus), camelo (bicicleta), lombra (preguiça/relaxamento).

15 - SERRA AMAZÔNICA - O dialeto da serra amazônica ou como as vezes é chamado, dialeto do arco do desflorestamento, conhecido na sua região geográfica como "sotaque dos migrantes", não é um dialeto coeso, justamente por sua peculiaridade de formação. Esse dialeto existe no sudeste do Pará, sudoeste do Maranhão, norte do Mato Grosso, em Rondônia e no Tocantins. O termo "Serra Amazônica" ou "Amazônico da Serra" foi cunhado pela primeira vez para identificar este dialeto nos trabalhos do I Colóquio de Letras da FPA em 2010.

Algumas palavras, gírias ou expressões: broco (sem equilíbrio), cê (você), lapada (pancada), catiroba (pessoa mal-cuidada consigo mesmo), mé (cachaça).

16 - RECIFENSE -O dialeto recifense é um típico da Região Metropolitana do Recife e das regiões da Mesorregião da Mata Pernambucana, no estado de Pernambuco.

Algumas palavras, gírias ou expressões: bote fé (demonstra consentimento), fi de rapariga (origem de todos os insultos universais, rs), sermão (meu irmão), abestalhado (pessoa boba), gera (farra), bença (fechando com chave de ouro, bença é o vocativo universal de todos e todas. Não há no Recife e região uma única pessoa que não possa ser chamada de bença).


Fontes:

revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/fundamentos/como-surgiram-diferentes-sotaques-brasil-492066.html

Cunha, Celso e Cintra, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 12.ª edição. Lisboa. Edições João Sá da Costa. 1996. ISBN 972-9230-00-5

Cintra, Luís Filipe Lindley. Estudos de Dialectologia Portuguesa. 2.ª edição. Lisboa. Livraria Sá da Costa Editora. 1995. ISBN 972-562-327-4

Teyssier, Paul. História da língua portuguesa. 6.ª edição. Lisboa. Livraria Sá da Costa Editora. 1994. ISBN 972-562-129-8

brasilescola.uol.com.br/gramatica/diferencas-entre-lingua-idioma-dialeto.htm

«Sotaque branco». Meia Maratona Internacional CAIXA de Brasília

G1. «G1: Linguajar cuiabano é tombado como patrimônio imaterial de Mato Grosso». Consultado em 15 de novembro de 2015

«SEDTUR TURISMO | Conheça aqui o Linguajar Cuiabano». SEDTUR TURISMO | Conheça aqui o Linguajar Cuiabano. Consultado em 15 de novembro de 2015

Almeida, Manoel Mourivaldo Santiago; Cox, Maria Inês Pagliarini (2005). Vozes cuiabanas: estudos lingüísticos em Mato Grosso. [S.l.: s.n.] ISBN 9788588504127

«Diferentes "dialetos": as expressões regionais brasileiras». Portal Educar Brasil